segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A vida é selvagem



Por Santiago Nazarian

A vida é difícil. Há o tédio e o tédio e expectativa, depois frustrações, frustrações e amarguras. E quando está tudo calmo, é o tédio de novo. E quando tudo se agita falta tempo, e dinheiro, e surge um vazamento no banheiro. Daí você gasta seu mirrado dinheirinho para trocar a geladeira, você gasta aquilo que iria lhe dar felicidade para fazer obturações. O HD queima. A conta de telefone vem errada. E quando tem dinheiro demais comprar uma casa na praia, contrata caseiro, paga IPTU, os móveis mofam e num final de semana alguém faz a limpa e leva todos os eletrodomésticos embora. Você corre para emagrecer, passa óleo-de-amêndoa-de-fígado-de-bacalhau, mas seus cabelos vão ficando brancos, surgem as rugas embaixo dos olhos - e a cada dia novos meninos chegam aos 18 anos - e você cada vez mais longe, cada vez mais longe... Você casa e tem filhos e eles só te dão desgosto. Seu filho é gay, e não vai ter dar netos. Seu filho é um playboy, e cospe nos seus livros. Seu filho é autista, tem síndrome de down, dirigiu bêbado e atropelou o filho de uma empregada, atacou fogo num índio, acabou deputado em Brasília. Você estudou, fez o que podia, tem hoje o emprego que quis e a certeza que por mais que você continue, por mais que conquiste, por mais corra atrás de uma cheetah por dia, você nunca vai ser ser feliz....

Dose certa


As tortas e doces da cafeteria Starbucks são comprovadamente maravilhosos. Esse fim de semana fui com uma amiga a uma loja da rede (Shopping Morumbi), e mais uma vez fui surpreendido, dessa vez por uma torta de chocolate com doce de leite.
É caro?
Um pouco, mas vale cada centavo. Pensado bem, é bom que seja caro, pois confere uma coisa mais próxima a degustação, ao prazer pelo sabor e não pela comilança. Um prazer na dose certa.

domingo, 30 de agosto de 2009

Ensaio sobre o bom gosto


Ontem fui ao show de estréia da turnê do CD “Bons Ventos Sempre Chegam” da cantora Luiza Possi, no HSBC Brasil. E foi com gratíssima surpresa que encontrei uma artista com um trabalho tão diferente de tudo o que se tem feito musicalmente entre as cantoras brasileiras atuais. Acho muito bom encontrar artistas que tem vontade de fazer coisas diferentes. Modernidade (musical), postura de palco, voz, afinação, bom gosto, beleza e delicadeza; tudo isso encontrei naquele palco. Claro que ela contou com a ajuda do tio José Possi Neto, que fez uma direção de espetáculo incrível. Como um Ensaio sobre o bom gosto.

Durante o show era inevitável não lembrar da Zizi. Durante um tempo isso vai persegui-las, mas uma hora passa. Mas nesse caso, lembrei não por comparações simplistas e redutíveis, lembrei de como a Zizi também era (e continua) uma cantora diferente da sua geração. Ela não se enquadrava no ‘esquemão’ que que o mercado exige para ‘ser uma cantora de mpb’. Pelo contrário, ela era bem diferente! E talvez por isso sempre foi uma das minhas favoritas.
Aí vem a filha (personalidades parecidas?) e também mostra essa particularidade. Busca um caminho diferente, e não se deixa enquadrar pelo esquema vigente.

(Lembrei da fase do disco Asa Morena da Zizi; Luiza também teve berço, e como todos sabem, isso não se compra.)

Temos no Brasil uma tradição de fazer da MPB (esse rotulo que ninguém mais sabe o que significa, ou o que vêm a ser) um fardo pesado. E para o artista ganhar essa chancela é penoso, tem que se pedir ‘permissão’ aos deuses do Olimpio e da sacralidade da nossa música. E eu acho espetacular quando uma cantora como a Luiza vem e faz diferente de todo o protocolo pré estabelecido. Entra, se apresenta, deixa-nos a todos amantes da boa música de Queixo Caído; mas faz isso delicadamente, ou melhor, sem medo nenhum de ser delicada e sexy (outra coisa que talvez os deuses da mpb não gostem muito).

E o que eu acho mais legal ainda; quando esses “deuses” todos, ficam meio que sem entender o que se passa com a música brasileira atual. Ficam debatendo entre si, ouvindo os discos uns dos outros, tão atrasados como um cometa que já passou.

Como já dizia o sumido (mas atual) Belchior; o novo sempre vem.
E nesse caso vem maravilhosamente bem!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Umas e outras



Outro dia encontrei com um amigo que me disse que estava fazendo curso sobre vinho com um sommelier famoso, que estava degustando vinhos caríssimos, visitas a adegas maravilhosas, e tudo de mais bacana que há para se aprender desse mundo tão interessante e cheio de sabores, aromas e sentidos.
Tenho muita vontade de um dia fazer um curso desse. Provavelmente eu venha a fazê-lo realmente, pois sou um amante dessa bebida maravilhosa. Mas o meu único medo é sair de tal curso sem aprender nada, ou o que é meu medo maior: acabar não gostando mais dos vinhos que eu já gosto!
Loucura?

Pois é... Será que esses sommeliers não vão ensinar-me que aquele vinho que eu gosto tanto, que me cai tão bem ao paladar, que esse vinho não presta? E, além disso; será que eles não me vão ensinar a gostar de um vinho que eu nem sei se gosto? Vão explicar que aquele vinho que eu acho amargo demais (e caro demais) é que é bom, e justo o vinho que eu gosto é ruim? Temo de repente, passar a tomar vinho que eu não gosto só porque me ensinaram que ele é bom. Mais ou menos como alguém chegar pra mim e dizer qual música é boa e qual é ruim.

Ando desconfiado que nesse mundo dos vinhos cabe àquela estória do “Rei está Nu”.

A pessoa enfia o nariz dentro da taça de vinho, cheira, depois degusta, faz aquela cara enigmática e solta; “hum, tem uma nota de baunilha nessa safra de Barolo.”
Sei lá... O que vocês acham?

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O mundo de Isolda



Por mais que se tente, por mais que o tempo passe, a diferença entre homens e mulheres mantém-se em vários aspectos. Para se equiparar aos homens (em seu lado negativo) a mulher se 'masculinizou' de certa forma. Passou a ter uma postura mais agressiva sexualmente, o que a principio (do ponto de vista masculino) é interessante, mas com o passar do tempo, ficou meio 'fora da ordem'; a mulher passa a se auto afirmar sexualmente, expondo-se de uma forma que até então só pertencia ao mundo masculino; mas enfim... Não é esse o rumo que quero seguir aqui.
Quero falar sobre outro ponto bastante interessante e pouco debatido, apesar de ser extremamente notável.

Por que as revistas femininas (com homens nus) não emplacam? Porque não existe uma Playboy (no caso 'Playgirl') feminina, e com o mesmo alcance, respeitabilidade e dimensão da versão masculina? Por que quem consome revistas de homens nus são em grande parte homens gays, e pouquíssimas mulheres.
Porque que não existe casa de prostituição pra mulheres como existe no universo masculino? E quando tem, a frequência é esmagadoramente maior de um público de homens gays.
Teorias existem várias. As mais antigas dizem sobre a desigualdade de tratamento entre ambos os sexos. Um sempre pôde tudo, o outro não podia nada. E assim foi durante muitos anos. Mas passados todos esses anos onde a mulher se emancipou, tomou a frente e caminha em pé de igualdade com os homens, não vejo evolução nesse sentido. A coisa continua como foi a muitos anos, sem sinais significativos de mudanças.

Agora minha questão é:
Seria a promiscuidade, a devassidão e a libertinagem coisas pertencentes ao universo masculino (gays e heteros)? Putaria é coisa de macho?
Pense: o universo das lésbicas também não movimenta o mercado do sexo como faz o universo dos homens gays. Longe disso! Pesquisas dizem que na última parada gay de São Paulo 85% do público eram homens.
Questões interessantes.
A impressão que fica é que, por mais que a mulher force uma postura de agressividade sexual, não cola. Dá a impressão que foi um plano que não deu certo, que não faz parte da sua natureza, não entra na alma feminina, fica meio superficial; só serve para uma pseudo-auto-afirmação-social, pra dar o troco histórico nos homens galinhas, mas que na real não emplaca. Essa postura não dialoga com seus anseios internos.
A mulher é de outras coisas; mais evoluídas talvez. Mas calma... É só a minha opinião.

El Passado



Eu estava arrumando meus armários um dia desses atrás, e como num desses armários eu guardo meus discos de vinil, encontrei algumas raridades que eu nem lembrava mais que as possuía. E dentre essas, encontrei esse LP do Johnny Mathis que está assinado pelo meu pai. Foi um presente dele para minha mãe, ainda no início do namoro.
Está escrito assim:

“A Elizabeth
deste que muito a estima.
Ezequiel.
20 – 12- 1968”

Pela data, provavelmente tenha sido um presente de natal. O mais interessante que essa é a data do aniversário dele, completava 20 anos.

Salve os ousados



Eu já tinha postado aqui sobre a Lady Gaga, mas vale mais um post.
Esse video acima, foi gravado ainda antes dela fazer todo esse sucesso mundial.

O que me chama mais atenção nessa cantora, é de como ela vem fazendo uma transformação na música pop atual, já saturada de pessoas 'tão sexys', todas tão parecidas, onde todas as 'formulas' são idênticas e repetitivas.
Ela vem e faz uma glamurização as avessas.
Despe-se de toda sensualidade-banal-moderna e busca uma imágem de artista-impactante, abre mão do sex-appeal barato; faz mais ou menos como fizeram em outros tempos artistas como: Prince, Michael Jackson (guardadas devidas proporções), Cindy Lauper, Elton John e tantos outros que ao invès de investirem na mesmice que se faz em sua época, procuram uma caminho mais artístico e que busca subir mais um degrau criativo.

Ousadia e música pop tem TUDO a ver.
(Fora que ela canta MUITO!)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009


Não sei se vocês já comeram, mas hoje eu fui na loja da Cacau Show e ví essa nova "guloseima" camada MonteBello. Tem uma cara ótima; deve ser uma 'Nhá Benta' mais singela. Não comi ainda, vou deixar pra comer no fim de semana, sabe como é... Tenho que manter minha forma.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Educação pirata


Eu ainda sou um daqueles que acreditam que é possível locomover-se pelas cidades usando o transporte coletivo. Acredito que deixando o carro na garagem eu contribua com um transito menos caótico e um ar mais puro nas cidades. Confesso que além dessa minha colaboração “ecosocial”, acho chiquérrimo (e invejo) ver em filmes europeus as pessoas elegantemente trajadas, indo e vindo de baladas e restaurantes, transportadas por ônibus ou metrô.
Esse meu sonho está tornando-se um pesadelo a cada dia que ando de ônibus aqui em minha cidade (Jundiaí-SP), pois a falta de educação dos passageiros, me impede de ver esse sonho um dia realizado.

Os terminais de ônibus transformaram-se em verdadeiras “praças de degladiação”. Quando os ônibus chegam na plataforma de embarque, o que se vê é uma cena bizarra. Quem quer descer do ônibus não consegue, pois os que querem subir não deixam, ficam naquele empurra/empurra assustador. Vejo senhoras, crianças e mulheres em situações deploráveis, todos ali se 'animalizando', seja ativamente ou passivamente.

Aí a minha pergunta: Dê quem é a culpa?
Nesse caso a culpa é da população, claro. Não tem como o Estado encarregar-se de ensinar bons modos. O máximo que se pode fazer é uma conscientização, ou melhor, o Estado tem que se 'paternizar' para uma população sem rumo, órfãos de educação. Uma população que espera tudo do Estado, inclusive que lhe ensine bons modos.
O que me deixa mais perplexo é que as mesmas pessoas que pedem um transporte coletivo mais digno e de melhor qualidade, são os mesmos autores dessas batalhas urbanas.

É chegado o tempo da educação como artigo de luxo. Mas o problema é que esse artigo de luxo não tem onde comprar. Nem mesmo piratiado.

Admirável mundo descartável



Por Nick Nicks

Tudo começou com fraldas e garrafas. Depois vieram copos, pratos e talheres. Em pouco tempo, a idéia do Descartável virou um sucesso mundial.
Antigamente, quando o salto de um sapato quebrava, você consertava. Quando uma calça rasgava, você costurava. Quando a festa terminava, as pessoas lavavam os copos para a próxima festa.
Hoje em dia é tudo muito mais prático. Ninguém precisa consertar o sapato, porque tem outro igual logo ali na esquina. Ninguém precisa costurar a calça, porque tem um modelo novo logo ali na próxima estação. E ninguém mais precisa lavar a sujeira da festa, porque é tudo feito de plástico.
Tudo feito para não durar. Para poupar nosso tempo precioso e gerar mais vendas, mais consumo.
O Descartável foi uma idéia incrivelmente boa. O problema é que ela girou a economia com tal violência, que acabou girando junto a cabeça das pessoas. E de modelo econômico, passou a ser um modelo de comportamento.
Ninguém mais quer consertar um relacionamento, por exemplo. Quando uma paixão perde o prazo de validade, as pessoas procuram novidade. Um novo modelo para a próxima estação.
Ninguém mais quer limpar a sujeira entre duas pessoas, por exemplo. Conforme a idéia do Descartável, o negócio é jogar tudo fora ou podemos perder muito tempo. E tempo, como todos já sabem, é dinheiro!
Pensar dá trabalho. Questionar é perda de tempo. Just do it! Namoros, casamentos e amizades. Tudo de plástico! Tudo de acordo com as leis do Descartável, para facilitar a nossa vida.
Contrariando Lavoisier, hoje em dia tudo se perde, nada se transforma.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Habemus Miss!


Já temos a Miss Universo 2009.
Ela vêm da fábrica de misses chamada: Venezuela.
(Preciso conhecer a Venezuela)
O nome da Miss: Stefania Fernandez
Idade: 18 anos
Altura: 1,77
...bom, deixa pra lá, não vou me ater a pequenos detalhes.
Que maravilha.

Vivo-Morto


Hoje eu fiquei sabendo do sumiço do cantor e compositor Belchior. Parentes do cantor dizem que não tem notícias dele há mais de três anos. Claro que pode ter acontecido algo de grave; um seqüestro, um surto psicótico, ou até um desaparecimento por morte. Mas se não for por nenhum desses motivos, trata-se de algo sensacional!
Pensem como deve ser a sensação de desaparecer...
Seria como a pessoa morrer, mas estar viva. Ficar olhando tudo de fora, do outro lado. É mais ou menos como ficar ouvindo falarem de você atrás da porta. As pessoas dizem coisas sobre você que, se você ”estivesse vivo”, não ficaria sabendo. Imaginem só; você poder ouvir tudo o que as pessoas vão pensar sobre você depois que estiver morto, mas com a vantagem de você estar vivo! Espetacular! Pois ai quando a pessoa ‘ressuscitar’ (voltar), além de poder saber o que pensam a seu respeito, o que é melhor; só vai saber das suas qualidades, daquilo que vai lhe eternizar, pois ninguém fica metendo o pau em morto, pelo contrário. Se a pessoa foi muito má em vida, vão sobrar só as coisas boas, tipo: ”Ele era uma pessoa estranha, mas um ser humano fantástico”, ou ”Ele nos deu muito trabalho, mas tinha um coração enorme.”. E por aí a fora.
Se o Belchior sumiu, mas está vivo e ouvindo tudo o que acham sobre ele, com certeza deve estar achando tudo isso o maior barato. (Tenho certeza que não sumiu de avião. Ele morria de medo; ou morreu no avião?) Um mistério.

sábado, 22 de agosto de 2009

O Novo Sempre Vêm


Receita:
Em pequenas doses, misture;
Madonna + Cindy Lauper + Grace Jones + Nina Hagen = LADY GAGA
Aí é só degustar a capacidade da música pop sempre se renovar, mesmo utilizando recursos recicláveis. Só não pode faltar talento, aí não rola. Lady GaGa é locona, mas é talentosa!
A música pop agradece.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Você é bom de papo?



(...reduzir o outro ao silêncio por meio de uma cortada. Ter razão. Ganhar o argumento. Convencer. Sempre termina mal. Um ganha, fica feliz e se sentindo superior. O outro perde, fica com raiva e se sentindo inferior. Frescobol é diferente. A felicidade do jogo está em estar acontecendo, em não parar, vai, vem, vai, vem, vai, vem, como numa transa indiana, sem orgasmo, feita de um prazer permanente que não acaba. O orgasmo na transa, como a cortada no tênis, são o fim do brinquedo. Saber prosear, jogar conversa fora, é o segredo das relações amorosas. Nietzsche dizia que quando se vai casar a única pergunta importante a se fazer é 'terei prazer em conversar com essa pessoa quando eu for velho?' Nessa sala estaremos proseando. Falar sobre o que der na telha. Pensamentos avulsos. Dicas. Informações sobre as coisas novas na minha casa. Apareça sempre para prosear!)
- Rubem Alves

Lendo esse texto lindo do Rubem Alves, me fez pensar que, pessoas que tem boas conversas, com mais conteúdo e tolerântes para com o outro, aumentam muito a capacidade de agregar pessoas em torno de sí. Tornam-se indubitavelmente mais agradáveis.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sabor de infância


Ontem fui passear na região da Av. Paulista. Eu queria ver um filme que estava passando no Espaço Unibanco, e depois fiquei andando por ali durante um tempo. Foi como fazer uma viagem no tempo, pois é uma região que permeou parte da minha infância e adolescência. Vou explicar: Meu pai trabalhou naquela região durante alguns anos, e muitas vezes eu tinha que acompanha-lo quando eu precisava ir ao médico, dentista ou coisas do tipo, e no restante do dia eu ficava perambulando pela Augusta e adjacências. O mais bacana foi encontrar em especial, uma antiga Delicatessem (chamada Casa Garcia) que meu pai me levava para comer um pavê de doce de leite inesquecível. Inesquecível, isso mesmo. E não é que o doce ainda existe lá! E ficou famoso! Pois o tempo que fiquei ali dentro, vários engravatados entravam e pediam pedaços de pavê.


Quando avistei o estabelecimento, foi inevitável não entrar para ver como estavam as coisas, pois já se passavam mais de 20 anos que eu não entrava lá. Deparei-me com o mesmo senhor atendendo (o dono, um espanhol), a mesma fachada, o ambiente, a qualidade dos produtos, só mudaram os freqüentadores, pois atualmente o lugar ganhou um status de 'cult', frequentado por executivos moderninhos.
Além do famoso pavê, servem um sanduiche de frios delicioso e não menos famoso, o que atrai de certa forma gente bonita ao pequeno ambiente.


RECOMENDO; Rua Luis Coelho, 128 (atrás do Center 3, travessa com a Augusta.)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009


Hoje fui ver o filme “Tempos de Paz”, que conta a história de um ator polonês (Dan Stulbach) que desembarca no Brasil no período da segunda guerra mundial. É confundido com algum comunista e cai nas mãos do personagem interpretado por Tony Ramos, um “torturador-pau-mandado” do governo da época.
A história se transcorre com certa simplicidade, mas o tema e as interpretações são incríveis. Um show de Dan Stulbach e Tony Ramos. Na minha opinião, dois dos melhores atores brasileiros.
O filme é uma reverência ao teatro e a profissão de ator, com suas capacidades de emocionar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vários Brasis


Lendo uma reportagem sobre a última Feira Literária Internacional de Paratí (FLIP), que conta o enorme assédio sobre o autor e compositor Chico Buarque, que viveu naqueles dias um status de 'super-star' da literatura brasileira. A reportagem relata que filas com mais de uma hora de espera foram formadas para se conseguir um autografo do escritor. Pessoas amontoando-se para ver e ouvir o artista. Coisas como essas me fizeram pensar como o Brasil é realmente um país de várias faces. Um país que idolatra estrelas instantâneas de programas como Big Brother, e um outro país, que idolatra um artista como Chico Buarque.

E você, de qual Brasil participa?

Mais um na multidão


Não tem saída, o ser humano está condenado a solidão. Por mais que um indivíduo se envolva com um ou milhares de outros indivíduos e consiga ser transparente com todos eles, ainda assim, isso não o impedirá de ser só. Sempre haverá coisas que ele jamais dividirá com os demais, seja um rancor, uma alegria, uma satisfação, um conhecimento, uma dor, um carinho, uma revolta, um medo, uma verdade, enfim, alguma coisa. Não que ele venha a fazer isso por mera e espontânea vontade, não. Muito pelo contrario, isso simplesmente acontecerá porque o ser humano é naturalmente desconfiado, medroso, de seus próprios semelhantes. Há sempre em sua mente o medo de não ser aceito, ser rejeitado, não ser compreendido pelos demais.

Ainda que fosse possível a dois indivíduos passar cem anos juntos numa cela de uma prisão, nada evitaria que o sentimento de solidão viesse a brotar em ambos os seres. De toda maneira, sempre haveria coisas que um jamais dividiria com o outro, como um sonho, uma carência, uma saudade, etc. Às vezes, essa falta de total desnudamento do próprio ser para com o outro ser não ocorre por mera e vã desconfiança, medo do outro. Isso pode acontecer por uma questão de puro auto-preenchimento mesmo, e que, inevitavelmente, todo indivíduo, sem exceção, carrega dois mundos dentro de si: um, que pode ser dividido com os demais, e o outro, feito somente para si.

Por outro lado, desde que o mundo é mundo a relação indivíduo-coletividade sempre foi algo conturbado, principalmente quando o indivíduo começa a tomar consciência de sua própria individualidade e sente falta de algumas alternativas que simplesmente a coletividade não oferece. E é aí que o indivíduo toma conhecimento de sua propria solidao, não sabe se aceita os ditames que o mundo lhe oferece ou se segue à risca aquilo que acredita. É o "ser ou não ser, eis a questão?" como diria Shakespare. Por um lado tem-se o meio querendo modelar o indivíduo e, por outro, o indivíduo querendo trilhar seu próprio caminho. E aí, qual e a saída, aceitar as conveniências ou arriscar a autenticidade? Há 2.500 anos, Platão nos oferece uma alegoria, a da caverna, que explora direitinho os riscos pelos quais passa um indivíduo que decide criar uma nova realidade e cujo desfecho se estabelece sobre duas alternativas: ou a solidão voluntária, ou a solidão pela força. E é só escolher.

Por fim, como a solidão é o destino comum de todo ser humano, varias são as formulas a que a humanidade recorre para se sentir menos só. Uns recorrem à religião, outros ao amor, outros a porralouquice, outros ao esbanjamento, enfim, o que não falta é alternativa. Cada um tem seus meios para tentar superar a própria solidão. Qual delas é a ideal, isso jamais ninguém saberá, ate porque esse é um assunto que ainda é um tabú dentro da consciência coletiva e quase ninguém quer falar sobre isso. (Luana Camará)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Você está protegido?



As notícias que correm em tempos de desgraças:

Joaquim sempre foi assim, de espírito perturbado. Tem vocação para produzir tragédias. Aos 15 deu entrada na Febem por delinquência. Matou todos os gatos da vizinhança no Parque Imperial. Nessa época morava com a avó, que fazia o que era possível para educar Joaquim num ambiente sadío, mas não teve jeito, o neto saiu de casa muito cedo. Passou a viver na rua e de subempregos. Foi flanelinha, manobrista, malabarista de sinal, roubou alguns carros, foi fichado na polícia e caiu na graça de conhecer Lourdes, que trabalhava na pastoral de uma igreja evangélica. Casaram-se, tiveram um filho, Rodson. Depois do nascimento da criança, Joaquim sumiu. Voltou a dar passagem na polícia, dessa vez por vender ingresso falso em porta de estádio. Voltou para a casa da avó. Disse que ia mudar de vida. Começou a trabalhar na padaria do Parque Imperial, e a noite fazia “avião” de papelote para aumentar sua renda. Aprendeu a fazer pães e foi trabalhar numa padaria de grã fino no centro da cidade, onde também atende a demanda de drogas para os traficantes da sua região.
Há alguns dias tem ido trabalhar mesmo doente, acredita que está com a tal da grípe suina, mas não pode faltar e nem perder dias de trabalho, e também não deixou de fazer os pães que a clientela adora; e irônicamente, sem saber, as madãmes dizem que suas rosquinhas e pães são “delícias de morrer”.

domingo, 16 de agosto de 2009

A Paz Invadiu o Meu Coração


(A Paz - Zizi Possi)

Eu lembro de quando foi lançada essa música, pois esse vídeo passou no programa Fantástico, se não me engano, mais ou menos em 1987; a Zizi Possi regravou essa maravilha de Gilberto Gil e João Donato.
E talvez pela minha Paz de espírito no dia de hoje, lembrei dessa pérola linda da música brasileira

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Olhando os outros


Gilberto de Nucci tem uma excelente imagem a respeito de nosso comportamento. Segundo ele, os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás.

Na sacola da frente, nós colocamos as nossas qualidades. Na sacola de trás, guardamos todos os nossos defeitos.

Por isso, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos, presas em nosso peito. Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente, nas costas do companheiro que está adiante, todos os defeitos que ele possui.

E nos julgamos melhores que ele - sem perceber que a pessoa andando atrás de nós, está pensando a mesma coisa a nosso respeito.
(Paulo Coelho)

Man On Wire


(Acima Trailer do documentário)

Essa madrugada eu fiquei assistindo ao DVD do espetacular “Man On Wire”, que conta a história de Phillipe Petit, um equilibrista francês que em 1974 ousou atravessar o WTC de um lado para o outro, equilibrando-se em uma corda a mais de 400 metros de altura.
Olhando hoje, com o distanciamento de 35 anos, a façanha parece ainda maior, pois as torres já não existem, o que torna o feito histórico e único.
Aí vêm minhas inevitáveis perguntas; o que fazem de algumas pessoas estarem um passo a frente do seu tempo? O que faz de alguns serem tão abertos ao novo? Tão desprendidos a aventurarem-se onde outros não ousariam jamais ir?

Dos espíritos irrequietos, dos que ousam ir um passo além, dos que atravessam pela linha do quase impossível, daqueles que não temem encarar os abismos, pelos que não se amedrontam diante de novas possibilidades; é por sobre esses que recaem minha admiração.

Recomendo!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A nossa roupa nova de cada dia


(Um bandido, se fazendo passar por um alfaiate de terras distantes, diz a um determinado rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que fizesse uma roupa dessas para ele.

O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, que gritou em público; "O rei está nu!" E aí fez-se um espanto geral, e o rei cobriu-se de vergonha...")



Todo vez que eu leio esse conto descubro algo diferente. À primeira leitura já encontraremos o que ele tem de mais importante, que é a sátira e ao mesmo tempo crítica ao modo das pessoas se esconderem atrás de suas ignorâncias (desconhecimento). E com o decorrer do conto, ou em uma segunda leitura, já vamos perceber que além de não saberem lidar com suas ignorâncias, não sabem levantar a voz para os que fingem não perceber que algo está errado, aos que vivem numa “cegueira coletiva”. Ficam todos ali, felizes e sorridentes, sem perceberem que estão todos equivocados. E apartir de outras análises vamos percebendo como é frequente nos depararmos com situações como essa em nosso cotidiano. Pesssoas que não observam o que fazem, ou se observam, enganam a sí mesmas numa espécie de autosabotágem, somente para não destoar do grupo/coletivo.
E por falar em grupo... Confesso que sempre tive dificuldades para conviver em grupo. Sempre achei que conviver em turma era limitador demais para mim, era castrador, pois como podem cinco, seis pessoas totalmente diferentes (em personalidade) seguirem um caminho único, um só pensamento, uma só decisão, sem ferirem as caracteristicas individuais daqueles que pensam diferente?
Mas aí vão me dizer que é justamente isso o enriquecedor da vida em turma; ouvir varias vozes é algo que nos faz crescer, que viver em grupo nos ensina a prática de algo tão em falta nos dias de hoje, que é a tolerância e a cordialidade. Sim, concordo e acredito nesses ideais, gosto desse caminho, mas também num grupo podemos observar sempre prevalecer a “lei do mais forte”, do mais influente, daquele que determina caminhos. E quando só um ou dois determinam, perde-se no coletivo. E é justo aí que não me enquadro, pois vou ser aquele que vai chegar ao grupo e dizer: “O rei está nú!”
Por pensar dessa maneira, sugiro aos meus amigos e colegas que frequentam esse blog; tenham sempre amizades com pessoas diferentes entre sí, que conheçam e se relacionem com vários grupos, ou melhor, que permaneçam transitando entre grupos diferentes. Posso lhes garantir que isso é ainda mais enriquecedor.


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fala que eu te escuto


Ter um blog dá um certo trabalho. Quando se fica um tempo sem escrever, alguém manda um e-mail reclamando que faz tempo de não posto nada, que preciso atualizar. Mas quando eu posto alguma coisa, tem sempre alguém que também reclama, que sente-se atingido/ofendido por alguma coisa que escrevo. Enfim...paciência.
Mas eu acho que quem tem blog na verdade quer ser ouvido, tem necessidade de expressar-se, de dar voz a suas idéias e pensamentos; um desejo de influênciar, ou melhor, de INTERAGIR.

Encontrei no blog da Ana Rita de Carvalho, uma passagem que retrata exatamente isso que estou querendo dizer:

“Na fila em que me encontrava para votar nas última eleições, uma senhora, bastante extrovertida, puxou conversa com quem estava por perto. Tentou descobrir os votos de alguns; falou mal dos políticos em geral; brigou e reclamou da demora; da falta de preparo dos mesários e fiscais e das pessoas que paravam à porta da nossa seção para pedir informações. Enfim, aquela senhora reclamou e falou tanto que, em um determinado momento deixei de ouvir o que ela dizia e me pareceu que as pessoas ao redor também.
De repente, não sei dizer em que ponto daquele monólogo ela disse algo assim: "o que a gente tem mesmo é carência de conversar, a gente quer falar, mesmo que seja da vida dos outros, precisa conversar com alguém, ainda que seja para pedir informações."
É verdade, eu pensei imediatamente, de certa forma essa senhora tem razão. Se há algo nessa vida que nos faz sucumbir é o sentimento de isolamento, de abandono, de vazio.
Somos seres relacionais e interagir com as pessoas através da fala é uma necessidade que, muitas vezes, vai além da mera intenção de nos comunicar e passa a atender uma necessidade básica do ser humano que é a de conexão e amor. Muitos são os estudos da psicque humana que revelam isso.
Portanto, ouvir é preciso, ser ouvido também. Saber ouvir é uma arte, um dom a ser desenvolvido se desejamos estar verdadeiramente com as pessoas. Ser ouvido é um privilégio, é graça divina que nos aproxima do outro e promove momentos mágicos de contatos humanos sensíveis.
Quando nos sentimos à vontade e seguros para falar de nós mesmos, dos nossos sentimentos mais profundos, sejam eles bons ou ruins; quando compartilhamos coisas que nos são de extrema importância e valor e percebemos que somos ouvidos com atenção e respeito; quando percebemos que nosso interlocutor valoriza aquilo que dissemos, vivemos encontros verdadeiros de amor, afeto e de enriquecimento mútuo... encontros que têm o poder de transformar mentes, corações e comportamentos.”

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Só sei que nada sei


Falar sobre ensino sempre é um assunto bastante controverso. Discute-se a qualidade dos cursos, dos professores, da material didático, mas fica de fora da discussão, ao meu ver, o principal: a qualidade dos alunos. Já relatei a diversos amigos a terrível experiência que tive durante o período que frequentei o curso de jornalismo em uma determinada instituição de ensino. Na época fiquei desapontado ao perceber que a maioria dos alunos não tinha o preparo intelectual que eu acreditava ser necessário para tal curso, e sem o menor interesse e intimidade com o assunto que eles escolheram para estudar pelos próximos 4 anos.
Será que o aluno não pensa sobre o que vai estudar? Ou não percebe que não tem vocação para aquilo? Ou ainda, não se interessa sobre o assunto, não tem nada a dizer sobre o que ele escolheu para ser a sua profissão?
Talvez isso ocorra por as pessoas acharem que na faculdade receberão aquilo que elas não tem por vocação, ou que no decorrer do curso, tudo será revelado a elas, como alguém que vai a algum lugar pegar a receita de um bolo. Esquecem que o interesse deve nascer delas, que não há professor bom se o aluno é ruim ou não tem certo interesse pelo assunto/curso. Eu ainda acredito que o aluno antes de ingressar a faculdade deva fazer alguns exercícios de “autodidatismo”; pesquisar, ler livros, aprofundar-se nos temas que ele irá encontrar nos anos de estudo. Fazendo isso, além de conhecer sobre a sua futura profissão, estará alguns passos a frente dos demais.
Alguém um dia teve que ser autodidata, teve que iniciar um estudo sobre determinado assunto que até então ninguém tinha estudado, e a partir dalí, iniciar uma nova matéria. O formato da faculdade que hoje conhecemos e nos é 'vendido' como o ideal, não é muito antigo, vem do “comércio do ensino”, um fenômeno atual, e com tendências a aumentar ainda mais. E para concluir, nada é mais contrangedor (para ambas as partes) que você conversar com uma pessoa com formação acadêmica e perceber que você, sem formação, tem mais afinidade e interesse no assunto do que ela.


(Não tenho nenhuma formação acadêmica e não tenho orgulho nenhum disso, pelo contrário, tenho constrangimento. Mas por outro lado, não acho que um diplôma me trará conhecimento necessário. E também sou traumatizado e atormentado pela figura de uma professora de Lingua Portuguesa que tive no primário, que entrava em nossa sala de aula sempre com uma revista Contigo no meio do seu material didático.)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Lucidez ou a Cegueira?


É melhor ser rei em terra de cego, ou ficar cego junto a eles?
É melhor ter um reinado solitário, ou conviver em igualdade entre os cegos?
É melhor enxergar sozinho, ou não enxergar junto ao coletivo?


**Mudando de assunto**


É encantador descobrir por mim mesmo as adversidades das coisas que acredito e propago. É experimentar na própria carne, e perceber como é tão mais fácil sucumbir e aceitar passivamente ao invés do questionamento e confronto. Como é mais simples aceitar o que é incômodo ao inves de reconhece-lo. Como é melhor postergar os problemas em vez de enfrenta-los. Pois é só do confronto que nascem as vitórias.

“_Mas quem disse que é fácil Sr. André?”

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Transferindo ao outro

"É por isso que homens e mulheres exigem coisas tão impossíveis de seus relacionamentos: nós realmente acreditamos, inconscientemente, que esse ser humano mortal tem a obrigação de nos manter sempre felizes, de tornar nossa vida significativa, vibrante, plena de êxtase!"

Estou me deparando com frases como essa em minha leitura.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Em busca do feminino


Hoje vemos as pessoas tentando trazer Blanchefleur de volta do inconsciente. As pessoas tentam aprender a expressar os seus sentimentos, a demonstrar afeto, a despertar para o lado intuitivo da vida. Uma boa parte dessas tentativas não dá certo, transforma-se numa moda passageira, é reduzida a abraços acanhados e "espontaneidade" forçada, mas pelo menos as pessoas estão tentando encontrar Blanchefleur. (...)
É provável que nenhum outro povo da história tenha sido tão solitário, tão alienado, tão confuso quanto a valores, tão neurótico quanto somos. Nós dominamos o nosso meio ambiente com a força de uma marreta e com uma precisão eletrônica. Acumulamos riquezas numa escala sem precedentes, mas poucos, realmente muito poucos, estão em paz consigo mesmos, seguros nos relacionamentos, contentes nos amores, à vontade no mundo. A maioria de nós clama por um significado na vida, por amor, por envolvimento, por valores pelos quais possamos viver.
Nossa tristeza é resultante da perda destes valores femininos que denegrimos e expulsamos de nossa cultura. Blanchefleur não poderia sobreviver numa cultura que valoriza apenas a aquisição, o poder, a competição e a corrida para ser 'o número um'.


Trecho do fantástico livro “We”, de Robert A. Johnson, que minha querida amiga Cris me indicou (e enviou). Blanchefleur, nome citado na história, representa o lado feminino (não no sentido sexual) da nossa psique, que todos temos dentro de nós (homens e mulheres), que é inerente e imutavel. O livro mostra através da construção do mito de 'Tristão e Isolda', que hoje vivermos em tempos masculinos e pouco femininos. O trecho acima que acho mais significativo diz: “Uma parte dessas tentativas não dá certo, transforma-se numa moda passageira...”, pois faz ligação com outro tema que me agrada bastante; Os “amores liquidos” do sociólogo Zigmunt Baumann.
Vou continuar a leitura, depois eu conto mais.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Sordidez Humana (Lya Luft)



Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.

Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?

O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça de qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: "Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha". Ou: "Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe ou um assessor dele". Mais ainda: "O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...". Outras pérolas: "Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo...".

Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que já estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.

Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer "Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...", e aí se lança o malcheiroso petardo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Ser ou não Ser?"


Algumas coisas acontecem e nos fazem pensar a respeito delas. Coisas que ficam lá, guardadas e esquecidas, e de repente, por algum gesto ou atitude nos despertam para elas novamente.
Despertei para o fato de como as vezes podemos nos tornar figurantes na vida de algumas pessoas. E o que é pior, quando essas pessoas nos fazem, conscientemente, coadjuvantes nos enredos de suas vidas. E a atitude de subjulgar o gosto e interesse do outro como individuo com vontade própria, transformando-o em espectador das minhas vontades. Há quem não perceba que está sendo figurante/vítima desse drama macabro, mas há também aqueles que não se importam em serem eternos figurantes na vida dos outros.
Existe também uma outra (cruel) modalidade muito frequente entre pessoas:

"O Escada"


Na TV e no teatro, principalmente no humor, existe um termo que se designa ainda melhor para o que estou querendo exemplificar. O termo usado é conhecido como: 'Escada'. No caso, ser escada, é ser o ator que fica alí em cena só para servir de apoio para o ator principal despejar suas piadas, fazer o seu número, satirizar 'o escada', que geralmente é meio que o bobo da corte, quem sofre com as brincadeiras em cena, a vítima. Coisa que o humorista Didi faz tão bem com os seus vários 'escadas/amigos', que estão sempre ali sorridentes e paspalhões para lhe servirem. Também tem quem seja escada dos outros não só na ficção, mas na vida real, o que é mais triste, pois passa de humor a drama.
Bom, mas entre figurantes e escadas, prefiro ficar aqui com o meu simples monólogo.

sábado, 1 de agosto de 2009

A Revolução dos Humildes (Parte 2)



Continuando em meu garimpo por talentos ocultos, é cada vez mais incrível a quantidade de excelentes cantores e músicos no Youtube.


(O nome dela é Ana Free, dizer que é talentosa é redundância. Ela é incrível. Tem um timbre de voz bem peculiar, difícil de encontrar; uma voz forte e delicada, segura, cheia de recursos e com afinação precisa. É mais uma que eu já acho ‘artista pronta’. E o que acho mais bacana: ela usa o violão. Garotas com violão são raridades. Geralmente optam pelo piano/teclado. E além de tudo ela tem um repertório que foge por completo do convencional. Fantástica!)


(Esse pianista impressiona não por virtuose, mas pela capacidade de mudar completamente a dinâmica de um clássico da música argentina. Ele conseguiu imprimir mais sentimentos em uma música das mais sentimentais que existem. Tem domínio total sobre a interpretação e faz expressar-se por completo. Puro sentimento.)


(Esse tá de brincadeira. Não canta, humilha.)


(Dupla que faz juz a escola da música negra americana. Além de cantarem muito, dão um show de segurança e simpatia. Coisa linda!)

(Não demora muito eu volto com mais "Revolução dos humildes"; tô adorando isso.)