terça-feira, 11 de agosto de 2009

Só sei que nada sei


Falar sobre ensino sempre é um assunto bastante controverso. Discute-se a qualidade dos cursos, dos professores, da material didático, mas fica de fora da discussão, ao meu ver, o principal: a qualidade dos alunos. Já relatei a diversos amigos a terrível experiência que tive durante o período que frequentei o curso de jornalismo em uma determinada instituição de ensino. Na época fiquei desapontado ao perceber que a maioria dos alunos não tinha o preparo intelectual que eu acreditava ser necessário para tal curso, e sem o menor interesse e intimidade com o assunto que eles escolheram para estudar pelos próximos 4 anos.
Será que o aluno não pensa sobre o que vai estudar? Ou não percebe que não tem vocação para aquilo? Ou ainda, não se interessa sobre o assunto, não tem nada a dizer sobre o que ele escolheu para ser a sua profissão?
Talvez isso ocorra por as pessoas acharem que na faculdade receberão aquilo que elas não tem por vocação, ou que no decorrer do curso, tudo será revelado a elas, como alguém que vai a algum lugar pegar a receita de um bolo. Esquecem que o interesse deve nascer delas, que não há professor bom se o aluno é ruim ou não tem certo interesse pelo assunto/curso. Eu ainda acredito que o aluno antes de ingressar a faculdade deva fazer alguns exercícios de “autodidatismo”; pesquisar, ler livros, aprofundar-se nos temas que ele irá encontrar nos anos de estudo. Fazendo isso, além de conhecer sobre a sua futura profissão, estará alguns passos a frente dos demais.
Alguém um dia teve que ser autodidata, teve que iniciar um estudo sobre determinado assunto que até então ninguém tinha estudado, e a partir dalí, iniciar uma nova matéria. O formato da faculdade que hoje conhecemos e nos é 'vendido' como o ideal, não é muito antigo, vem do “comércio do ensino”, um fenômeno atual, e com tendências a aumentar ainda mais. E para concluir, nada é mais contrangedor (para ambas as partes) que você conversar com uma pessoa com formação acadêmica e perceber que você, sem formação, tem mais afinidade e interesse no assunto do que ela.


(Não tenho nenhuma formação acadêmica e não tenho orgulho nenhum disso, pelo contrário, tenho constrangimento. Mas por outro lado, não acho que um diplôma me trará conhecimento necessário. E também sou traumatizado e atormentado pela figura de uma professora de Lingua Portuguesa que tive no primário, que entrava em nossa sala de aula sempre com uma revista Contigo no meio do seu material didático.)

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