quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Em busca do feminino


Hoje vemos as pessoas tentando trazer Blanchefleur de volta do inconsciente. As pessoas tentam aprender a expressar os seus sentimentos, a demonstrar afeto, a despertar para o lado intuitivo da vida. Uma boa parte dessas tentativas não dá certo, transforma-se numa moda passageira, é reduzida a abraços acanhados e "espontaneidade" forçada, mas pelo menos as pessoas estão tentando encontrar Blanchefleur. (...)
É provável que nenhum outro povo da história tenha sido tão solitário, tão alienado, tão confuso quanto a valores, tão neurótico quanto somos. Nós dominamos o nosso meio ambiente com a força de uma marreta e com uma precisão eletrônica. Acumulamos riquezas numa escala sem precedentes, mas poucos, realmente muito poucos, estão em paz consigo mesmos, seguros nos relacionamentos, contentes nos amores, à vontade no mundo. A maioria de nós clama por um significado na vida, por amor, por envolvimento, por valores pelos quais possamos viver.
Nossa tristeza é resultante da perda destes valores femininos que denegrimos e expulsamos de nossa cultura. Blanchefleur não poderia sobreviver numa cultura que valoriza apenas a aquisição, o poder, a competição e a corrida para ser 'o número um'.


Trecho do fantástico livro “We”, de Robert A. Johnson, que minha querida amiga Cris me indicou (e enviou). Blanchefleur, nome citado na história, representa o lado feminino (não no sentido sexual) da nossa psique, que todos temos dentro de nós (homens e mulheres), que é inerente e imutavel. O livro mostra através da construção do mito de 'Tristão e Isolda', que hoje vivermos em tempos masculinos e pouco femininos. O trecho acima que acho mais significativo diz: “Uma parte dessas tentativas não dá certo, transforma-se numa moda passageira...”, pois faz ligação com outro tema que me agrada bastante; Os “amores liquidos” do sociólogo Zigmunt Baumann.
Vou continuar a leitura, depois eu conto mais.

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