sexta-feira, 30 de abril de 2010

Reflexões entre Amigos

"A condição humana será sempre bem-vinda às nossas reflexões. Será sempre a base de uma boa prosa, afinal, toda vez que sobre ela refletimos, de alguma forma estamos alterando o que somos."
(...)
Sua carta me fez recordar da ágora, a praça grega que foi lugar onde as experiências filosóficas ganharam caráter dialético. A ágora era um lugar de encontro. A principal atividade que os gregos exerciam por lá era a troca de mercadorias. Mas, naquele grande mercado a céu aberto, uma outra troca acontecia a ponto de prevalecer sobre as outras. Era a troca de ideias. Enquanto a materialidade era negociada sempre sobrava espaço para uma conversa, uma troca de opiniões.
Tive um grande professor de História da Filosofia que fazia questão de nos dizer que foi na ágora que a filosofia assumiu o seu verdadeiro papel na sociedade. A filosofia do cotidiano, a reflexão nossa de cada dia. A arte de articular o pensamento como realidade dialética, que extrapola a verdade hermética, fechada, mas que se abre à percepção do outro.

A filosofia que é construída a partir da vida concreta das pessoas. A trama da existência e seus fios tão cheios de nuances. A filosofia como tear que tece e favorece a compreensão do entrelaçamento das linhas."
- Fábio de Melo (Cartas entre Amigos - Sobre Perder e Ganhar)

WINTER SONGS



quinta-feira, 29 de abril de 2010

A vitimização da inveja


Hoje eu vi num Msn a seguinte frase: "A felicidade dos outros corrói, causa inveja.”

Reparem como é sempre “um alguém que sente inveja de mim”, nunca o contrário. Ninguém escreve no Msn; “hoje EU tô morrendo de inveja da fulana de tal.”
Quando a pessoa assume a inveja, ela diz que é uma “inveja boa”. Oras, como se existisse inveja boa! A inveja no caso só é boa porque é Ela quem sente, se fosse o Outro, ia ser inveja ruim mesmo.

Mas eu pensei o seguinte: será que não tem pessoas que se especializam em causar inveja? Tudo que a pessoa faz é de caso pensado pra causar inveja/desejo em alguém; compra coisas pra causar inveja, faz viagens pra causar inveja, tira fotos pensando em mostrar pra causar inveja, usa certas marcas (grifes) pra causar inveja, e por aí vai. Eu mesmo conheci uma pessoa que não tinha o menor pudor em dizer que ia fazer tal coisa só pra causar inveja numa colega (rival). Aí essa mesma pessoa que fez inveja pra outra, diz que os outros sentem inveja dela. Pois é...
Dizer que alguém sente inveja dela, a torna ainda mais desejável (lhe dá mais status). Quanto mais gente sentindo inveja da pessoa, mais desejada ela se torna.

Tudo isso é demasiadamente humano; um círculo vicioso que gera violência.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A compreensão frente ao Outro

(Emmanuel Lévinas)

"O problema do Outro, a nossa atitude face a ele, constitui um dos temas principais das reflexões de Emmanuel Lévinas. Decorre de um tipo de reacção que teve em relação às experiências da primeira metade do século XX, e que conduziu à crise da civilização ocidental, particularmente a degradação das relações interpessoais entre o Eu e o Outro.

Emmanuel Lévinas, de origem judaica, e tendo nascido na Lituânia, tornou-se num filósofo francês da tradição fenomenológica, vindo a falecer em Paris em 25 de Dezembro de 1995.

É no face-a-face humano que irrompe todo o sentido. É diante do rosto do Outro que o sujeito dá conta que é um ser responsável. O Outro é alteridade, que não é um simples inverso da identidade, mas a incorporação de um Outro no Si-próprio sem resistência. Neste caso o Outro não é verdadeiramente outro. A colectividade do ‘nós’ não é um plural de ‘eu’. A obra de Lévinas transmite o alerta de uma emergência ética de se repensar os caminhos da filosofia a partir de um novo prisma, de se partir do Eu em direcção ao Outro. Uma tal inspiração Lévinas foi buscá-la aos Livros Sapienciais da Bíblia.

O tempo da consciencialização de Lévinas coincide com a formação da sociedade de massas na Europa e com o surgimento de dois sistemas totalitários: o comunismo e o fascismo. O homem da ‘sociedade de massas’ ao concretizar-se em massa amorfa e anónima, vai transformar-se em barbárie, que é a ausência de qualquer relação interpessoal. É a indiferença pelo Outro, e, devido à sua desestruturação social, se vai tornar mais vulnerável, e com isso mais propenso para o mal. Daí todas as trágicas consequências que emergiram em meados do século XX, que para Lévinas tem o seu expoente máximo de desumanidade em Auschwitz e no Holocausto.

Lévinas diz não só que é preciso encontrar o Outro, como recebê-lo em franco convívio. E chama a nossa atenção para que sejamos sensíveis perante o rosto do Outro, apesar de ser diferente. O rosto é o modo como o Outro se nos apresenta. Não terá que ser exactamente uma imagem. O rosto de Outrem destrói em cada instante e ultrapassa a imagem plástica que ele nos deixa, não se manifestando por essas qualidades mas exprimindo-se.

Lévinas diz que o Outro é sempre uma pessoa singular, um indivíduo. O homem quando está sozinho é sempre melhor ser humano do que quando está no meio duma multidão, duma massa excitada. Como indivíduos costumamos ser mais sensatos e melhores pessoas. A inserção num grupo pode transformar um indivíduo tímido e amável num ser diabólico. Lévinas quis livrar-nos do egoísmo e da auto-exclusão."

terça-feira, 27 de abril de 2010

Desejo pelo desejo do meu 'modelo'


"A partir de Freud o homem nunca mais foi o mesmo; tornou-se mais desejoso. Passou a cobiçar mais, a invejar mais, a desejar mais. O licencioso transmutou-se em lícito. Talvez seja inspirado na pesquisa do Doutor de Viena e em outros que Girard tem dedicado uma relevante atenção à questão do desejo. Em seu livro 'Mensonge Romantique e VéritéRomanesque' (Paris: 1961) discorre largamente sobre a questão, aventando a hipótese do Desejo Triangular, como motor de várias expressões literárias, adejando de Dostoieviski a Stendhal. Em A 'Violência e o Sagrado' o tema retorna com colorações diferentes, do Desejo Mimético.

A mímese é de inestimável valor para toda a Literatura. No eito da Poética de Aristóteles, todos os críticos de um modo ou de outro se hão com esse aspecto do complexo teórico. Girard direciona-se à questão ínvida da mímese. Muito mais do que a imitação da ação, ela se torna especificação do desejo assumindo uma morfologia adjetival e, portanto, complementar.
Ao mostrar o homem como um ser que sabe perfeitamente o que deseja, ou, se aparentemente não o sabe, como um ser que sempre tem um "inconsciente" que sabe por ele, os teóricos modernos talvez tenham neglicenciado um domínio onde a incerteza humana é a mais flagrante. Uma vez que seus desejos primários estejam satisfeitos, e às vezes mesmo antes,o homem deseja intensamente, mas ele não sabe exatamente o quê, pois, é o ser que ele deseja, um ser do qual se sente privado e do qual algum outro parece-lhe ser dotado. O sujeito espera que este outro diga-lhe o que é necessário desejar para adquirir este ser. Se o modelo, aparentemente já dotado de um ser superior, deseja algo, só pode se tratar de um objeto capaz de conferir uma plenitude de ser ainda mais total. Não é através de palavras, mas de seu próprio desejo que o modelo designa ao sujeito o objeto sumamente desejável."
- René Girard

Cantores do Youtube

Beekay - Klassic Cypher (R'n'B)


Airto - (Kanye West - Heartless)


Ben Sharkey - (Jamie Cullun - Singin´in the Rain)


Já encontrei vários 'cantores de Youtube', mas esses continuam sendo (há um bom tempo, pois quem conhece esse blog, já os viu e ouviu) os melhores que eu já ouvi. Tanto em repertório, quando em qualidade vocal.

sábado, 24 de abril de 2010

Igreja Católica como bode expiatório

"Sejam sinceros: quando existem escândalos sexuais na Igreja Católica, eles não são apenas escândalos sexuais pontuais e localizados. Esses escândalos, que existem em todo o lado (e em todas as denominações religiosas), bebem diretamente no patrimônio literário e anticatólico do Ocidente.

O caso é agravado pela arcana questão do celibato. No mundo moderno e hipersexualizado em que vivemos, o celibato não é visto como uma opção pessoal (e espiritual) legítima e respeitável. O celibato só pode ser tara; só pode ser um convite ao desvio; só pode ser pedofilia. Esses saltos lógicos são tão comuns que já nem horrorizam ninguém.

Ou horrorizam? Philip Jenkins é uma exceção e o seu “Pedophiles and Priests: Anatomy of a Contemporary Crisis” (Oxford, 214 págs.) é o mais exaustivo estudo sobre os escândalos sexuais que sacudiram a Igreja Católica nos Estados Unidos durante a dé cada de 1990.

Jenkins não nega o óbvio: que existiram vários abusos; e, mais, que as autoridades eclesiásticas falharam na detecção ou denúncia dos mesmos.
Porém, Jenkins é rigoroso ao mostrar como os crimes foram amplificados de forma desproporcionada com o objetivo de cobrir toda a instituição com cores da infâmia.

Padres católicos cometem crimes sexuais? Fato. Mas esses crimes, explica Jenkins, existem em proporção idêntica nas outras denominações religiosas (e não celibatárias). A única diferença é que, sendo o número de padres católicos incomparavelmente superior ao número de pastores de outras igrejas; e estando os crimes de pedofilia disseminados pela população adulta, será inevitável que exista um maior número de casos entre o clérigo católico.

Como explicar, então, que as atenções mediáticas sejam constantemente voltadas para os suspeitos do costume?
Jenkins não é alheio à dimensão “literária” do ant icatolicismo ocidental; muito menos à hipersexualização moderna, que vê na doutrina sexual da igreja um anacronismo e, em certos casos, uma ameaça.

Mas o autor vai mais longe e revela como a amplificação dos crimes é, muitas vezes, promovida por facções dissidentes dentro da própria Igreja Católica que esperam assim conseguir certas vitórias “culturais” (o fim do celibato, a ordenação de mulheres para o sacerdócio etc.) pela disseminação de uma imagem de corrupção endêmica. “A maior ameaça à sobrevivência da igreja desde a Reforma”, escreve Jenkins, citando as incontáveis reportagens que repetiam essa bovinidade.

Isso significa que os crimes das últimas semanas na Europa podem ser desculpados ou justificados? Pelo contrário: esses crimes não têm desculpa nem justificação. E é de saudar que o papa Bento 16, em atitude inédita, tenha escrito uma carta plena de coragem e dignidade ao clérigo irlandês, condenando os abusadores, pedind o perdão às vítimas e esperando que a justiça faça o seu caminho.

Mas não é apenas a justiça que tem de fazer o seu caminho. O jornalismo preguiçoso também deveria trilhar o seu, separando a histeria anticatólica da verdade criminal.

Um contributo: para ficarmos no país de Ratzinger, existiram na Alemanha, desde 1995, 210 mil denúncias de abusos a menores. Dessas 210 mil, 300 lidaram com padres católicos. Ou seja, menos de 0,2%. Será isso a maior ameaça à sobrevivência da igreja desde a Reforma?"

***

O termo bode expiatório, amplamente usado por Girard, remonta à uma antiga tradição judaica (Lv, 16), quando um bode era escolhido para ser sacrificado como expiação pelos pecados de toda a comunidade. Hoje, ao usarmos a expressão bode expiatório queremos simplesmente nos referir a uma pessoa que é escolhida arbitrariamente para pagar pelos males que assolam uma determinada comunidade. Em muitas cidades gregas existia o pharmakon, que era alguem, muitas vezes um estrangeiro ou deficiente físico, escolhido para salvar a pólis em momento de grande crise. O pharmakon era levado à praça pública e executado, devolvendo à pólis a harmonia perdida. Já Édipo (Édipo Rei, Sófocles), ao ser responsabilizado pelos males que assolavam a cidade de Tebas é o bode expiatório por excelência da mitologia. O mesmo acontecerá a Jesus de Nazaré. Pilatos, embora tivesse certeza da sua inocência (Lc 23, 13-25), ainda assim entrega-o à morte uma vez que, político que era, tinha consciência de que essa era a única maneira para acalmar a multidão ávida por sangue, muito embora se tratasse do sangue de um justo. Para ficar mais claro o papel desse bode, Girard, citando Emmauel Lévinas nos lembra que “Se toda a gente se puser de acordo para condenar um acusado, libertem-no, pois deve estar inocente”, e recorda, agora ele próprio, que “a unanimidade nos grupos humanos raramente guarda a verdade; é, a maior parte das vezes, um fenômeno mimético tirânico.” Nelson Rodrigues, que não conhecia Lévinas nem muito menos Girard, numa de suas tiradas espetaculares disse que “toda unanimidade é burra.” (Tarzan Leão)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Como se devem evitar as conversas supérfluas

"Evita, quanto puderes, o bulício dos homens, porque muito nos perturbam os negócios mundanos ainda quando tratados com reta intenção; pois bem depressa somos manchados e cativos da vaidade. Quisera eu ter calado muitas vezes e não ter conversado com os homens. Por que razão, porém, nos atraem falas e conversas, se raras vezes voltamos ao silêncio sem dano da consciência? Gostamos tanto de falar, porque pretendemos, com essas conversações, ser consolados uns pelos outros e desejamos aliviar o coração fatigado por preocupações diversas. E ordinariamente sentimos prazer em falar e pensar, ora nas coisas que muito amamos e desejamos, ora nas que nos contrariam."
Imitação de Cristo - Tomás de Kempis

Quantas vezes tenho sido supérfluo aqui nesse blog?

"Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. [Ecle1;8]"

Até quando falar? Até quando escrever? Se a ância não irá sessar.
Aproximo-me do tempo de silêncio.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cité, Ciudad, Cidade

Hoje Brasília completa 50 anos, eu acho muito pouco para uma cidade que é capital de um país. O que por um lado é bem animador, pois nos dá uma perspectiva de que, por ser jovem, ainda vai amadurecer e quem sabe encontrar um rumo certo. Porém, quero falar sobre a cidade em si, planejamento, arquitetura e urbanismo, pois são essas características que tanto chamam a atenção da jovem capital; nada mais nada menos que uma criação de Niemeyer, o gênio brasileiro, do qual sou grande fã. Não conheço a cidade pessoalmente, o máximo que conheço de Brasília foi em escala de avião. Imagino que seja uma cidade bem interessante, porém, nesses 50 anos deve ter perdido bastante da idéia inicial de Niemeyer; fico imaginando as periferias, as favelas que foram se erguendo em torno da cidade, a violência, pobreza, falta de estrutura, enfim, os problemas de todas as cidade brasileiras.

Ana Paula Padrão, nascida em Brasília 5 anos após a inauguração da cidade; linda.


Existe uma cidade grande realmente bonita no Brasil?
Irão me chamar de louco. “Claro, tem o Rio de Janeiro! Salvador, Recife...” Tá. Mas sei lá, não me sinto muito convencido. Depende do que você acha bonito. Essas cidades são bonitas em trechos, quero dizer, partes das cidades são lindas, mas tirando essas áreas, o entorno é terrível. O próprio Rio de Janeiro é muito feio tirando a orla e a zona sul (algumas partes do centro são bonitas também); mas não consigo admitir que são bonitas plenamente.
Minha questão aqui não é beleza natural, isso no Brasil sobra, mas sim beleza arquitetônica, urbanística e natural, juntas.

Paris


Conheço pessoas que dizem que Paris e Barcelona são completamente bonitas, até mesmo nas periferias das cidades são charmosas e bem cuidadas. É desse tipo de beleza urbana a que me refiro, e isso no Brasil não tem, mesmo.

Barcelona


Estive em Buenos Aires por duas vezes, tive a oportunidade de andar pela cidade a pé, de taxi, de ônibus, metrô, pude conhecer um pouco da periferia e bairros mais afastados e posso garantir: no Brasil não temos uma cidade com tais características. Falam de São Paulo, mas não tem como comparar, São Paulo tem mais de 10 milhões de habitantes contra 3 milhões da capital argentina. Andando pelo centro de Buenos Aires, é fácil pra qualquer turista brasileiro perceber o que é planejamento de ruas e avenidas, sem falar em parques, arquitetura, educação, cultura, história...

terça-feira, 20 de abril de 2010

Eu-Centrismo

"Na auto-estima contemporânea, o objetivo é justamente preservar o ego alheio em seu auto-contentamento, por mais distante da realidade que esteja. Essa nova política do “não julgar” permite que cada construa para si sua bolha de ilusões e auto-justificativas sem medo de que seja estourada pelo graveto alheio. (A construção da bolha, contudo, não é um processo especificamente moderno; repete-se em cada indivíduo humano desde que as coisas deram errado num certo Jardim.) Assim, todos podem nutrir a ilusão de serem homens bons, talentosos, honestos, bem intencionados, sem medo de que apontem os defeitos que ignoram ter. Ninguém julga e ninguém é julgado; I’m ok, you’re ok; auto-estimas intactas, o rei desfila nu e todos se prostram em reverência."

Eu já havia escrito sobre esse assunto por aqui, mas esse texto conclui a minha tese de que cada pessoa crê no que quer, no que lhe convêm acreditar, sem nenhum ambasamento estudado.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sobre mania, moda e mimetismo.


Você gosta de alguma coisa sozinho? No mundo globalizado pela internet e redes sociais, é bem difícil que você não encontre alguém que goste do mesmo que você. Se por acaso você gosta daquela banda finlandesa que faz música árabe, se procurar na internet, você deve encontrar alguns poucos fãs, e com sorte, pode encontrar até fãs brasileiros. Porém, o que quero falar é sobre como, de repente, as pessoas passam a gostar da mesma coisa ao mesmo tempo agora. Não de algo muito difícil de se gostar, claro - as pessoas não passam a gostar de jiló de uma hora pra outra – esse 'gostar instantâneo' deve ser por algo que agregue um valor social, ou que faça a pessoa se sentir incluída em seu meio social com certa urgência, pois para esse tipo de 'gostar' existe validade - vulgo MODA ou MANIA.
Esse tipo de comportamento reforça a teoria de Desejo Mimético, da imitação do gosto alheio; quanto mais gente gostando, mais reforça a imitação do desejo.

(O que me fez pensar e escrever sobre isso, foi esse texto aqui. O que faria em plena era digital as pessoas voltarem a curtir algo antigo e ultrapassado?)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Teen!


É uma tendência natural o adulto esquecer que um dia foi adolescente. Poucas pessoas tem uma visão madura em relação ao universo adolescente; madura no sentido de entender as posturas e hábitos adolescentes, sem sair criticando infantilmente. Aquela coisa de “essa juventude de hoje está perdida!” Que esteja! Você também fez parte desse processo; você em determinada época também fez parte dessa 'perdição'. Para chegar no hoje, passou por você também. Ou você sempre foi assim, pacatão?

Mas em contra partida, não tem nada mais cretino do que coroa querendo passar aquela imagem de achar tudo lindo o que adolescente faz ou gosta; tudo é bacana, moderno. Quer ser amiguinho do adolescente, fazer o tipo 'O Tio Jovenzinho'.
Como numa peça de teatro, todos os atores devem representar os seus respectivos papeis na estória, até porque, cada qual precisa de referência em relação ao outro.
Resumindo: Adolescente, seja o mais adolescente possível, e você adulto, maturidade para entende-los.

(Aproveito pra agradecer as pessoas que tem tentado postar comentários, porém não consegui posta-los por algum problema técnico do Blogspot.com)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Comigo sim, com você não."


Olha eu voltando ao feminismo; tem mulheres que ficam super felizes quando alguém publica uma foto desse tipo, comparando a artista com e sem maquiagem (ou photoshop no caso). Serve como um exercício de vingança; gostam de jogar na cara dos homens, “olha só como são essas artistas que você fica aí babando.”

Posso assegurar que nenhum homem deixa de gostar mais ou menos de uma mulher por causa desses tipos de 'descobertas' (os gays talvez...) Até porque, se for pra desgostar de alguma mulher, é mais fácil o homem desgostar daquela 'gatinha' que ele conheceu na balada ontem, toda linda e produzida com maquilagem e outros 'apetrechos' que fizeram ele acha-la tão bonita, mas que no dia seguinte (no trabalho, ou colégio por exemplo) se mostrou tão diferente da 'gatinha' da noite anterior.

Quando alguma mulher (não famosa) escolhe uma foto pra colocar no Orkut/Facebook, ela escolhe uma em que ela aparece bonita ou feia? “Ah!... mas a artista tem que aparecer feia na foto, pra assim eu não me sentir tão mal, tão sem glamour, e pra vocês homens verem que se eu me produzir também posso me transformar nessa mesma mulher linda, por quem vocês tanto babam”, diria uma mulher super sincera.
Agora entendi; “pra mim tudo, para as outras menos.”

Amizade: Homem X Mulher


"...está na hora dos homens aprenderem a separar o sentimento erótico das outras formas de afeto. Acho que é mentalmente saudável ter limites, zonas de exclusão nas quais o sujeito não precise estar preocupado em atrair. E nas quais a mulher (sobretudo a mulher...) também possa descansar do seu complicado papel de sedutora de tempo integral. Acredito que isso é importante para a integridade psíquica das pessoas. Quem fica tentando seduzir todo mundo o tempo inteiro despiroca."

Continua...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Por onde anda o feminismo?

As vezes eu fico meio encabulado de ver mulheres que eu admiro em situações constrangedoras somente para cumprir o papel de 'mulher-moderna-super-sexy' (vulgo 'biscate') . Fica parecendo que eu falo sempre dos mesmos assuntos, e na verdade falo mesmo, fico ratificando o que disse anteriormente (em posts anteriores). Quando eu falo da sensualidade como parâmetro de status, penso o quanto é contraditório algumas mulheres pregarem o feminismo dizendo que são os homens quem impôem suas “leis machistas, que tratam a mulher como um pedaço de carne para o seu bel prazer”.
Ora, então esse bando de artistas (mulheres) pop-modernas, são obrigadas a se comportarem dessa maneira?

(Shakira)

(Lady Gaga)

(Fergie / Black Eye-Peas)

(Beyonce)


Conclusão: Não existe feminismo, o que existe é: "quando a outra (minha 'rival') se coloca de forma super sexy, ela é biscate, quando sou eu, sou poderosa". Ou pra resumir: "se a gostosa em questão não sou eu, me dá inveja, viro feminista na hora!"
Hipocrisia.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Assassino de corações

E quando você passa um tempo de sua vida bancando o conquistador, aquele que faz da arte da conquista um esporte; não liga muito para os sentimentos daquelas que se apaixonam por você, afinal, tudo é para aplacar a sua necessidade de amor próprio; bajular o ego. Até que chega o dia em que você também se depara com alguém que faz de você um objeto de conquista também.

Eu sobre isso que fala essa música do John;


"(...)De repente eu sei exatamente o que fiz
E o que isso vai significar para mim

Eu era um matador, eu era o melhor que elas já tinham visto
Eu roubaria seu coração antes que você escutasse qualquer coisa
Eu sou um assassino e tinha um trabalho a fazer
Mal sabia eu que aquela garota era uma assassina também

Ela é uma assassina e ela tinha um trabalho a fazer."

domingo, 11 de abril de 2010

Animal Desejante

[10]Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.



Durante meus estudos de sociologia, tenho notado que algumas teorias sucedem outras, uma vem para substituir, complementar ou dar sentido à teoria anterior. Existe uma ligação entre elas que correm para um sentido único.
No meu caso, tudo que tenho lido sobre o tema ‘Desejo humano’ desemboca na teoria do desejo mimético de René Girard.

Mas antes de Girard, Maslow desenvolveu a seguinte teoria:

"Maslow cita o comportamento motivacional, que é explicado pelas necessidades humanas. Entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para que haja ação ou reação é preciso que um estímulo seja implementado, seja decorrente de coisa externa ou proveniente do próprio organismo. Esta teoria nos dá idéia de um ciclo, o Ciclo Motivacional.

Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que poderá assumir várias atitudes:

* Comportamento ilógico ou sem normalidade;

* Agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida;

* Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios/digestivos;

* Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;

* Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às modificações, insegurança, não colaboração, etc.

Quando a necessidade não é satisfeita e não sobrevindo as situações anteriormente mencionadas, não significa que o indivíduo permanecerá eternamente frustrado. De alguma maneira a necessidade será transferida ou compensada. Daí percebe-se que a motivação é um estado cíclico e constante na vida pessoal.

A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais importantes teorias de motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la. Poucas ou nenhuma pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.

O comportamento humano, neste contexto, foi objeto de análise pelo próprio Taylor, quando enunciava os princípios da Administração Científica. A diferença entre Taylor e Maslow é que o primeiro somente enxergou as necessidades básicas como elemento motivacional, enquanto o segundo percebeu que o indivíduo não sente, única e exclusivamente necessidade financeira.

Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, numa pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades de auto realização)

De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. A necessidade de estima envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. As necessidades de auto realização são as mais elevadas, de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente."


Concluo que, a teoria de Girard não vem para desmentir ou contrariar Maslow, mas para elucidar uma questão que ainda era ignorada: Por que os desejos humanos não sessam?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Admirando Mulher como Obra de Arte (6)


Um sonho adolescente que continua vivo. Demi Deusa.

O Haiti é Aqui

A natureza que é tão esplendorosa no Rio de Janeiro, mostrou que com ela não se pode brincar. Ela, natureza, deve ter pensando: ‘Que história é essa de ‘concretarem’ os morros? Agora a culpa é porque chove muito? Mas eu já estava aqui há milhões de anos! A culpa não é minha!’
Sim, Sra. Mãe Natureza, mas nós precisamos achar um culpado, quebra esse galho pra gente vai, assume a culpa e vamos em frente.



Será que algum artista carioca vai tomar a frente de organizar algum evento, alguma coisa interessante para arrecadar fundos, mobilizar e conscientizar a população para esse problema das super populações nos morros? Ou será que os americanos vão ter que fazer isso pra gente?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Solidão Intelectual


Hoje fiquei pensando sobre a Solidão Intelectual. Já escrevi sobre isso aqui no blog um tempo atrás, mas hoje voltei a pensar nisso pela seguinte perspectiva: Como vivem esses que são extremamente intelectualizados? Será que em qualquer esquina eles encontram alguém pra discutir sobre as tensões no oriente médio? Eu que sei tão pouco, por vezes me vejo privado de ter com quem compartilhar e discutir assuntos um pouco mais relevantes; fico imaginando essas figuras: Pedro Sette-Camara, Alexandre Soares Silva, Daniel Piza, Ricardo Amorim, e tantos outros.

Em contra partida, me alegro bastante em ver pessoas tão interessadas por assuntos mais complexos e profundos, principalmente pessoas com tão pouca idade, mas com uma maturidade intelectual de fazer inveja em coroas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Sr. da Razão pergunta? Cuidado!


Quando um texto pergunta alguma coisa, o autor sugere (nas entrelinhas) uma resposta que ele gostaria que você respondesse. Um exemplo é esse. O texto pergunta se mulher sarada é bonita. EU prefiro sarada do que gorda. Sou mau por pensar assim? Vamos crucificar mulher sarada então? Se é pra fazer pergunta e induzir as pessoas a responderem o que o autor gostaria que fosse respondido, então é melhor nem perguntar; coloque EU acho tal coisa sobre tal assunto, é melhor.

Então mulher gordinha não tem chance?
Tem todas as chances! Mas o que eu acho chato é 'demonizar' quem cuida do corpo; fica parecendo que quem não se cuida e que é bacana. Ora, se eu não posso ter preconceito contra a gordinha, o mesmo vale pra malhada.

Então você acha que existe um exagero em relação a aparência e forma física?
Claro que sim! Não precisa ser nenhum gênio pra perceber isso. O que eu acho chato é pegar no pé de quem gosta de malhar; fumar já não pode, beber logo não vai poder mais, vão colocar bafômetro em todos os lugares, logo proíbem as pessoas de malharem mais do que algum ditador vai estipular: “Olha, eu acho que essa mulher deve ser multada, pois ela tá muito forte, tá gostosa demais pra ser verdade, multa nela!”

Você disse que alguns textos são escritos de forma que induzem a quem os lê a responder da forma como o autor gostaria que fossem respondidos. Você pode nos dar um exemplo?
Sim, eu pergunto: “O Big Brother contribui para a falta de cultura?” O que você acha que a maioria das pessoas vão responder? Então vamos demonizar o Big Brother, é fácil né, bode expiatório tem aos montes (Brasil, Lula, EUA, judeu, negro, o time rival do seu, Rede Globo, evangélico, católico, etc.) é só escolher o seu favorito. Eu mesmo já escolhi.

Você já usou esse artifício de perguntar e manipular uma resposta desejada?
Sim.

(*Perguntas feitas e respondidas por mim mesmo, já que ninguém vem me entrevistar.)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pop x Outsider


Imagine a seguinte perspectiva ficcional: Existem disponíveis no mercado apenas 100 livros para serem lidos no mundo. No topo dos mais lidos estão os livros menos relevantes, aqueles livros que se parecem com filmes da Sessão da Tarde, e os menos lidos são aqueles livros mais relevantes, dos grandes autores (Dostoievski, Kafka, Shakespeare, Saramago, etc.).

O problema: Você corre o risco de ler os grandes mestres mesmo sabendo que não vai ter com quem conversar sobre, ou prefere ter um monte de gente com quem conversar sobre as futilidades dos tais Best-sellers?

sábado, 3 de abril de 2010

Chocólogo?


Nesses dias de páscoa, em que se cultua o chocolate, o engraçado são as pessoas que dizem que são chocólatras como se estivessem dizendo que gostam de algo fora de série. “Eu sou chocólatra!”, com uma aura de espetacularidade, como se estivessem dizendo, “eu sou colecionador de Ferraris dos anos 60.”
Deixa pra lá...

Vendo uma reportagem na GloboNews, descobri que tem gente que curte chocolate como esse povo que cultua vinho; existem degustações, tipos de cacau específicos e toda aquela bajulação. Enólogo é quem conhece vinho; Chocólogo é quem sabe de chocolate?
O chocolate amargo é o chocolate de verdade para esses especialistas; chocolate ao leite é pra crianças, como vinho doce é pra mulher.
Eu também só ando comendo chocolate amargo, sabe como é né... Olha que eu nem sou colecionador de Ferraris amarelas.

O poder das marcas




Estamos perante três poderosas marcas, correto? No entanto, todas elas se associam a (belas) figuras públicas...e porquê? Porque o cérebro do consumidor tem o poder de associar todo um conjunto de atributos a determinadas celebridades que irão, eventualmente, ser transferidos para a marca. Algo do género - Scarlett Johansson = elegância, sensualidade, luxúria, feminilidade - logo, Dolce Gabbanna = elegância, sensualidade, luxúria, feminilidade. Conclusão: se sou uma consumidora Dolce Gabbana sou uma mulher feminina, elegante e sexy, tal como a Scarlett Johansson (ou quase). John Mayer e a modernidade e juventude saudável da Nike - Britney Spears e Starbucks nada mais é do que um caso diferenciado de propaganda, onde a celebridade introduz no seu dia a dia o hábito de estar sempre com o produto para ser flagrado pelos paparazzi. Ninguém é bobo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Cowboys and Angels


"Você tem com quem competir no seu dia a dia? Tipo, algum colega de trabalho, amigo, irmão, vizinho, primo, enfim, alguém com quem você fique disputando primazias; ver qual dos dois(duas) vai começar a namorar primeiro, qual vai assistir primeiro aquela peça de teatro super comentada na Veja, quem vai usar aquela roupa 'in' do próximo inverno, cortar o cabelo no estilo mais moderno, fazer uma viagem para o lugar da moda, fazer uma tatuagem super original, e outras primazias tão importantes para a nossa autoafirmação do dia a dia.

Quando não encontro esse competidor fico bastante impaciente e mal humorado. E vocês? Ah gente, será que só eu sinto isso? Só eu sou sujinho desse jeito? Credo ...bando de santinhos!"


(James Winstton)