domingo, 30 de agosto de 2009

Ensaio sobre o bom gosto


Ontem fui ao show de estréia da turnê do CD “Bons Ventos Sempre Chegam” da cantora Luiza Possi, no HSBC Brasil. E foi com gratíssima surpresa que encontrei uma artista com um trabalho tão diferente de tudo o que se tem feito musicalmente entre as cantoras brasileiras atuais. Acho muito bom encontrar artistas que tem vontade de fazer coisas diferentes. Modernidade (musical), postura de palco, voz, afinação, bom gosto, beleza e delicadeza; tudo isso encontrei naquele palco. Claro que ela contou com a ajuda do tio José Possi Neto, que fez uma direção de espetáculo incrível. Como um Ensaio sobre o bom gosto.

Durante o show era inevitável não lembrar da Zizi. Durante um tempo isso vai persegui-las, mas uma hora passa. Mas nesse caso, lembrei não por comparações simplistas e redutíveis, lembrei de como a Zizi também era (e continua) uma cantora diferente da sua geração. Ela não se enquadrava no ‘esquemão’ que que o mercado exige para ‘ser uma cantora de mpb’. Pelo contrário, ela era bem diferente! E talvez por isso sempre foi uma das minhas favoritas.
Aí vem a filha (personalidades parecidas?) e também mostra essa particularidade. Busca um caminho diferente, e não se deixa enquadrar pelo esquema vigente.

(Lembrei da fase do disco Asa Morena da Zizi; Luiza também teve berço, e como todos sabem, isso não se compra.)

Temos no Brasil uma tradição de fazer da MPB (esse rotulo que ninguém mais sabe o que significa, ou o que vêm a ser) um fardo pesado. E para o artista ganhar essa chancela é penoso, tem que se pedir ‘permissão’ aos deuses do Olimpio e da sacralidade da nossa música. E eu acho espetacular quando uma cantora como a Luiza vem e faz diferente de todo o protocolo pré estabelecido. Entra, se apresenta, deixa-nos a todos amantes da boa música de Queixo Caído; mas faz isso delicadamente, ou melhor, sem medo nenhum de ser delicada e sexy (outra coisa que talvez os deuses da mpb não gostem muito).

E o que eu acho mais legal ainda; quando esses “deuses” todos, ficam meio que sem entender o que se passa com a música brasileira atual. Ficam debatendo entre si, ouvindo os discos uns dos outros, tão atrasados como um cometa que já passou.

Como já dizia o sumido (mas atual) Belchior; o novo sempre vem.
E nesse caso vem maravilhosamente bem!

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