quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fala que eu te escuto


Ter um blog dá um certo trabalho. Quando se fica um tempo sem escrever, alguém manda um e-mail reclamando que faz tempo de não posto nada, que preciso atualizar. Mas quando eu posto alguma coisa, tem sempre alguém que também reclama, que sente-se atingido/ofendido por alguma coisa que escrevo. Enfim...paciência.
Mas eu acho que quem tem blog na verdade quer ser ouvido, tem necessidade de expressar-se, de dar voz a suas idéias e pensamentos; um desejo de influênciar, ou melhor, de INTERAGIR.

Encontrei no blog da Ana Rita de Carvalho, uma passagem que retrata exatamente isso que estou querendo dizer:

“Na fila em que me encontrava para votar nas última eleições, uma senhora, bastante extrovertida, puxou conversa com quem estava por perto. Tentou descobrir os votos de alguns; falou mal dos políticos em geral; brigou e reclamou da demora; da falta de preparo dos mesários e fiscais e das pessoas que paravam à porta da nossa seção para pedir informações. Enfim, aquela senhora reclamou e falou tanto que, em um determinado momento deixei de ouvir o que ela dizia e me pareceu que as pessoas ao redor também.
De repente, não sei dizer em que ponto daquele monólogo ela disse algo assim: "o que a gente tem mesmo é carência de conversar, a gente quer falar, mesmo que seja da vida dos outros, precisa conversar com alguém, ainda que seja para pedir informações."
É verdade, eu pensei imediatamente, de certa forma essa senhora tem razão. Se há algo nessa vida que nos faz sucumbir é o sentimento de isolamento, de abandono, de vazio.
Somos seres relacionais e interagir com as pessoas através da fala é uma necessidade que, muitas vezes, vai além da mera intenção de nos comunicar e passa a atender uma necessidade básica do ser humano que é a de conexão e amor. Muitos são os estudos da psicque humana que revelam isso.
Portanto, ouvir é preciso, ser ouvido também. Saber ouvir é uma arte, um dom a ser desenvolvido se desejamos estar verdadeiramente com as pessoas. Ser ouvido é um privilégio, é graça divina que nos aproxima do outro e promove momentos mágicos de contatos humanos sensíveis.
Quando nos sentimos à vontade e seguros para falar de nós mesmos, dos nossos sentimentos mais profundos, sejam eles bons ou ruins; quando compartilhamos coisas que nos são de extrema importância e valor e percebemos que somos ouvidos com atenção e respeito; quando percebemos que nosso interlocutor valoriza aquilo que dissemos, vivemos encontros verdadeiros de amor, afeto e de enriquecimento mútuo... encontros que têm o poder de transformar mentes, corações e comportamentos.”

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