sábado, 6 de março de 2010

Multifaces


Outro dia eu estava reparando como as pessoas contam as suas desavenças com outras pessoas, somente por um dos lados da história; no caso, o lado que lhes favorece, o lado em que elas são as vítimas. Somente pela sua perspectiva do caso. Dificilmente alguém assume a pisada na bola. Então quem ouve aquele relato tem só uma visão, sendo que se ouvir o outro lado terá uma outra versão diferente; parece simples, mas não é. Coisa de investigador, e você não vai 'investigar' um amigo para saber se aquela história que ele contou tem uma outra versão, pois é melhor acreditar no amigo (mesmo não sendo a 'verdade') do que perde-lo.
É, eu digo perde-lo, pois ouse você confrontar aquilo que esse amigo lhe conta; ouse dizer que talvez ele também esteja errado, que o outro pode ter os motivos dele para pisar na bola.
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"Se você estiver atolado na vida porque lhe fizeram acreditar em uma única versão, reaja. Não acredite. Exercite a dúvida sobre si mesmo – e sobre o outro. Será que é assim mesmo? Será que isso é tudo o que sou? Será que é só isso que posso ser? Tornar-se adulto é ter a coragem de se contar como alguém múltiplo e contraditório, um habitante do território das possibilidades". (Eliane Brum)

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