segunda-feira, 8 de março de 2010

Filosofia Pop (2)


Será lançado em breve no Brasil a tradução desse livro: Crepúsculo e a Filosofia.
Estou no aguardo.

"A cada dia torna-se mais nítido que o cinema e filosofia formam uma profícua relação. O cinema como produtor de belas histórias, utilizando-se de incríveis incrementos tecnológicos capazes de nos “colocar dentro” da produção como se lá realmente estivéssemos. A filosofia, por sua vez, é capaz de produzir importantes relações racionais que nos propiciam trazer entendimento e significação às histórias, comparando-as com nossas vidas e suas relações sócio-culturais e históricas.

Aquele que ama uma pessoa por causa de sua beleza a ama? Não, pois a varíola, que matará a beleza sem matar a pessoa, fará com que ele não a ame mais.

E se amam por meu juízo, por minha memória, amam a mim? Não, pois posso perder essas qualidades sem me perder. (PASCAL, pensamento 323)

Não, claro que não! Se ficarmos somente nas qualidades externas, Pascal tem toda a razão de duvidar deste amor. No entanto, o amor verdadeiro, embora retenha em si todos os momentos dissociados nos amores imperfeitos, vai além destes.

O amor verdadeiro, no diz Marcel Conche (p.9, 1998), “é aquilo por que, mesmo sendo velha, uma pessoa sente-se jovem, mesmo perto da morte, sente-se viva”, ou seja, perfeitamente condizente com o que vemos no Crepúsculo. Além disso, o amor verdadeiro compreende o encontro com outro ser que não traga objeções ao seu ser, ou seja, um ser que nos parece perfeito nas suas limitação, perfeito como é, sem retoques ou acréscimos, amando sendo si mesmo e realizando-se. (CONCHE, p.10-12. 1998).

Talvez neste sentido possamos ver um amor real entre Bella e Edward que se aceitam com suas diferenças, embora Bella sinta o temor de perder este amor para o tempo, que lhe castigará, diferentemente de Edward que permanecerá jovem. Por outro lado, a jovialidade e inexperiência de Bella também pode refletir apenas uma paixão, que seria definida, por Conche, como o sentimento de alienação e estranhamento da pessoa, que é contrário à realização que um verdadeiro amor traz. (p.10, 1998) Difícil saber realmente, talvez com a sequência dos filmes e livros possamos ter uma ideia mais acertada quanto a isto.

De qualquer forma, fica-nos a reflexão que o filme nos traz. A morte é, em si, a grande inimiga do amor. O amor é vida, é sensibilidade, é toque e o perfume dos cabelos, mas é também inteligência, na qual podemos avançar sem tropeçar na paixão e ainda vontade, para ajustá-la à vontade de outrem. A morte, por sua vez é a ausência de sensibilidade, a ausência de inteligência, a ausência total de vontade. A morte é estagnação, o amor à busca da felicidade. No entanto, ambas levam a reflexão: a morte pela angustia e o amor pela alegria".

(Guilherme Fauque)

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