sábado, 17 de outubro de 2009

Meu novo vício


Item fundamental na lista de compras de quem visita a Argentina, o alfajor tem raízes no mundo árabe e sua história no Ocidente começou na Andaluzia, a partir da ocupação moura do Século VIII. Originalmente feito com amêndoas, mel, avelãs e canela, o “al-hasu”, que em árabe significa “recheado”, ganhou fama na Espanha como "alfajor" e, ao chegar ao Novo Mundo, teve sua receita reinterpretada. Somente no século XIX, quando passou a ser fabricado na Argentina, o doce deixou de ser feito no formato retangular para ganhar os contornos arredondados de hoje.

Tradicional também em outros países latinoamericanos, como Chile, Peru e Uruguai, é na Argentina que a guloseima atinge a excelência e garante sua fama. Com ou sem cobertura de chocolate, o alfajor pode ser encontrado com facilidade pelas ruas de Buenos Aires em quiosques que oferecem o doce com as mais variadas marcas e faixas de preço. A marca de destaque, porém, é a discreta El Cachafaz, que significa “descarado” e é uma homenagem a outro ícone argentino, o famoso dançarino de tango Benito, assim apelidado.

O alfajor El Cachafaz, porém, é vendido exclusivamente nos “kioskos”, e enfrenta a competição da gigante Havanna, com mais de 200 lojas na América Latina, inclusive no Brasil, e milhares de pesos investidos em marketing. As duas marcas oferecem preços semelhantes, mas o sabor do “El Cachafaz” é bastante superior e vale a sola de sapato gasta a sua procura. A marca, no entanto, não está disponível nos free shops, onde a força do Havanna se impõe. Não por acaso, a gigante já abocanhou 60% das compras de alfajor no Duty Free do Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires e tem o alfajor mais vendido da Argentina.
(Claudia Merquior)

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