sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Cara

Depois de protagonizar uma das maiores bilheterias do cinema nacional, MEU NOME NÃO É JONNY, entra em cartaz batendo recordes, A MULHER INVISÍVEL, estreia JEAN CHARLES, rodou o próprio longa, FELIZ NATAL, e, em 17 dias, outro longa de Mauro Lima, REIS E RATOS, com Rodrigo Santoro, filme em preto e branco, no maior clima noir, sobre as trapalhadas de agentes duplos durante o Golpe de 64, cujo tieser [trailer longo de 8 minutos] vi outro dia e, adianto, é pra lá de bom.
No entanto, declarou à ÉPOCA que está em crise de criação. 5 personagens em meses. De onde mais ele pode buscar recursos e inspiração?
Falei sobre isso com minha amiga Bel, atriz de 20 anos, que rodou 2 longas agora, o filme do Arnaldo Jabor e o sobre o Lula. "Quem me dera fazer cinco filmes, cinco personagens, em tão pouco tempo..."
Eu entendo o cara. Teve um ano que fiz 4 peças de teatro [NO RETROVISOR, O CLOSET, AS MENTIRAS QUE OS HOMENS CONTAM e MARCIANOS]. Todas num mesmo semestre. Eu não sabia mais o que dizer nos ensaios ou na divulgação. Não encontrava mais conflitos, frases ou palavras que já não foram ditas. Todos os truques cênicos foram gastos. Entrei num estresse mental.
Encontrei o Selton outro dia na Merça. Ficamos bebendo a noite toda. Falamos disso. No entanto, me veio a luz. Se fazer o que você sabe fazer, cara, já está bom demais. O repertório dele não tem fim. E o público ama.
É o maior ator em atividade. Carisma. Todos o querem. Mistura comicidade com drama como poucos. Abraça a causa do cinema apaixonadamente. Fez CHEIRO DO RALO sem ganhar um tostão; ao contrário, pagou do próprio bolso o hotel em que ficou hospedado na cidade. Usa a publicidade [é garoto propaganda do SANTANDER, você já notou] para escolher os papéis e projetos. Despreza convites para fazer novela. Pensa mais nos desafios do ator do que na conta bancária. Não é o cara?
(Marcelo Rubens Paiva)

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