segunda-feira, 3 de maio de 2010

Aula sobre mimetismo no cinema



"Steve e Kate são bonitos, ricos e charmosos. Tem um casal de filhos adolescentes bonitos, ricos e charmosos. Acabaram de se mudar para um daqueles opulentos subúrbios americanos, com ruas arborizadas e casas enormes, onde temos a impressão que nunca faz mau tempo. Desembarcam em sua nova vizinhança a bordo de um carro bonito, caro e recém-saído da concessionária. Quando os vizinhos tocam a campainha para dar-lhes as boas vindas, a imagem atrás da porta que se abre é o clichê da família perfeita.

Só que essa família não existe. Os quatro são funcionários de uma poderosa empresa de marketing que cria famílias perfeitas em diferentes partes do mundo para vender os mais variados produtos, de carros a lingerie. A missão da equipe é tornar-se um modelo a ser admirado, em seguida invejado, finalmente seguido. De tempos em tempos, eles recebem os informes de quanto as vendas de produtos aumentaram com a sua atuação – e são avaliados pelos resultados. Uma sacada genial de marketing – digamos que um passo além dos comerciais e merchandisings a que já nos acostumamos.

Este é o enredo de The Joneses, filme de Derrick Borte, que deverá estrear no Brasil em breve. Demi Moore é Kate, mãe de família e chefe da equipe. David Duchovny, que se tornou conhecido pelo seriado Arquivo-X, é Steve. Jones, quase tão comum quanto Silva ou Souza nos Estados Unidos, é o sobrenome inventado. O filme, claro, é uma sátira à sociedade de consumo. Em pouco tempo, os Jones-pais são um sucesso na vizinhança e os Jones-filhos arrasam na escola. As vendas de tudo o que usam disparam. O capitalismo triunfa."


Texto Eliane Brum - ÉPOCA

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