Por exemplo:
Imagine duas irmãs, ou amigas muito próximas; uma delas conta para a outra que conheceu um rapaz pelo qual ela está apaixonada; diz que ele é encantador, atraente, esperto, enfim, mostra para a outra todas as qualidades que ELA atribui a esse rapaz. O mimetismo se dará quando aquela que ouviu os encantos sobre o rapaz também enxergar os mesmos atributos daquela que lhe atribuiu desejo primeiramente, ou seja, as irmãs (ou amigas) passarão a desejar o mesmo 'objeto'.
O sujeito deseja o objeto de um outro sujeito, e não o objeto em si. Sujeito A deseja objeto X porque sujeito B deseja objeto X. Esta dinâmica ele denomina mimêsis de apropriação, imitação de apropriação. A relação dos sujeitos estabelece a rivalidade mimética. Os dois sujeitos se tornam rivais devido ao mimetismo do desejo, à disputa do mesmo objeto, enraizada não no objeto, mas na imitação do desejo do outro. Este duplo desejo nunca é simplesmente acidental, mas sempre patrocinado pelo desejo do outro. É o desejo do outro que valoriza o objeto.
Uma pessoa imitando o gosto da outra; até a hora em que não haverá “seguidora” e nem “seguida”, a partir daí vai se estabelecer a competitividade. Passada essa etapa, uma das partes vai seguir um caminho novo e esperar que a outra parte vá atrás dela novamente, e se essa parte não for, a rivalidade vai partir para uma relação cada vez mais cheia de disputas para “mostrar quem se destaca mais”.
Exemplo:
Sabe aquela coisa dos adolescentes de seguir os gostos dos amigos? Gostar da banda que o amigo gosta; as meninas gostarem do mesmo artista (garoto), até ao ponto de não saber mais quem 'apresentou' o artista para quem, nesse ponto o mimetismo está em seu ápice, porém, a partir daí se dará a competitividade para ver quem gosta mais do tal artista, medir adoração; quem conseguir 'vencer' essa batalha, vai conquistar um adversário e não mais um companheiro. É nesse hora que o jovem busca ser diferente; procurar gostar de um artista completamente diferente daquele que a turma gostava; vem aquele desejo de não querer que ninguém goste do mesmo artista que ele; se alguém descobre aquela tal banda moderninha que ele ama, passa a nem gostar tanto, despreza, e parte em busca de outra novidade. E por aí segue um desejo de exclusivismo, de diferenciar-se do outro; como diz o Pedro Sette-Camara, “afetar sem ser afetado”.
Fica mais ou menos assim: “Eu não sigo ninguém, tenho gosto próprio, e quando eu gosto da mesma coisa que você, minha razão é muito mais nobre e interessante que a sua.”
A pergunta que surgiu agora; será que o twitter é um sucesso porque ele 'mede' a nossa capacidade de influenciar? O bacana é seguir meia-dúzia e ser seguido por milhares.
No livro também é abordado o tema: Bode expiatório. Que é escolher uma pessoa para pagar por um mal que é coletivo.
Por exemplo:
Quantas pessoas tem algum tipo de preconceito? Creio que todo mundo tem algum tipo de preconceito; branco pelo negro, negro pelo branco, branco pelo índio, índio pelo branco, negro pelo gay, gay pelo gordo, gordo pelo gay, gay pelo negro, gay pelo nordestino, corinthiano pelo palmeirense, feios pelos bonitos, intelectuais pelos fúteis, enfim, dá parA ficar aqui até amanhã escrevendo todos os cruzamentos de preconceitos que possam existir. O bode expiatório nada mais é que, pegar um desses preconceituosos e punir para ser “aquele que vai nos redimir”, “punimos um para aliviar uma culpa que é geral.” Gerando uma falsa sensação de fim da impunidade, sendo que a culpa é geral, ou se não é tão geral assim, pelo menos de muito mais gente do que um só. Mais ou menos como se matando uma pessoa com a gripe suína, acabaria com todo vírus.
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