quarta-feira, 17 de março de 2010
Dr. House e a sociedade da indiferença.
Muito já se falou sobre a personalidade e perspicácia do personagem Dr. House. Parece-me que Gregory House encarna o sonho de quase todos os tipos de personalidades humanas nos tempos atuais. Aquela figura que mesmo estando errada, acerta; faz da medicina um esporte de competição, onde o que menos importa é o paciente (o outro); fala o que quer, ouve o que não quer, mas quase nunca se abala psicologicamente por isso; não liga pra ninguém; são os outros que se importam com ele; comporta-se como um rock-star e tem charme justamente por ser assim. O maior representante da “sociedade da indiferença”, dos que afetam sem serem afetados.
'Se' o Dr. House estivesse no Twitter, teria milhões de seguidores e não seguiria ninguém, e provavelmente até desprezasse aqueles que o seguissem.
Ontem eu estava vendo um episódio onde o Dr. House pergunta para o Dr. Wilson algo sobre “com quem você está saindo”, e Wilson retruca perguntando se “você gostaria que ficassem perguntando sobre sua vida particular”, e a resposta de House não poderia ser melhor que “por isso eu não tenho vida particular”.
Mesmo caído (será a bengala uma metáfora nesse sentido?), ou em desvantagem, ele não perde a pose, e ainda exibe uma autonomia charmosérrima, típica daquelas figuras que se acham o máximo. Na televisão funciona maravilhosamente bem, mas não tente fazer isso em casa, os efeitos podem ser socialmente devastadores.
(P.S: Depois que eu terminei de escrever o texto acima, me veio esse insight: Dr. House é um gênio da medicina, de uma inteligência fora de série, e mesmo assim leva uma vida solitária e triste. Em Gossip Girl, os personagens milionários são também problemáticos e solitários. Concluo que: As duas bases de valorização e status social – inteligência e dinheiro, quando levados a níveis altíssimos, também podem gerar sintomas idênticos. Será a inteligência a geradora do ser anti social? Será o dinheiro o causador da infelicidade das personagens de Gossip Girl?)
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