quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mais simples, mais complexo.

Outro dia conversando com uma conhecida, eu lhe revelei que gosto de gente simples de verdade. Na frase eu deixei o 'de verdade' bem ressaltado. Pois bem, ela me disse que então eu iria adorar a família dela. Legal.
Então tá, fui lá eu conhece-los.
Dê fato, eram todos muito amáveis, educados, e me deixaram super a vontade. Mas tinha só um porém: de simples 'de verdade' eles não tinham nada.
As pessoas confundem simplicidade com burrice, ou com pseudo simplicidade. Ambas são bem distintas ao meu modo de ver. O simples é aquela pessoa que sabe que é simples e conduz todos os assuntos de forma básica, tímida, com certa curiosidade pelo que você está dizendo, tem pouca noção de certos assuntos, não se aprofunda muito, pronuncia algumas palavras de forma peculiar, enfim, é o tal do caipira.
Naquele caso, eram pessoas que achavam que ser simples era ser meio burro, brega, aquele tipo 'novo rico', que finge que é simples, mas no fundo tem preconceito contra aqueles mesmos tipos que eles eram antes de ganhar um pouco mais de dinheiro. Ser simples para eles é assistir Gugu (ou Big Brother, Eliana e similares) e levar aquilo a sério e discutir sobre o assunto. A estratégia deles é se passar por simples, mas ao mesmo tempo ficam interessados em saber qual a marca do seu carro, se mora em bairro bom, se sua família é tradicional, como se seu sobrenome fosse pedigree. É querer falar de assuntos complexos (política, ciências, religião, cultura, etc.) de forma simplista, e mesmo assim achar que estão sendo profundos. Aquele tipo de gente que nunca lêu um livro, porem se acha super intelectual por dizer que o presidente é um ignorante. Logo eles.

Descobri que na verdade não gosto de pessoas simples. Talvez eu goste de gente caipira, o que é bem diferente. O caipira é mais complexo, tem um intelecto que não foi muito moldado, e de simples tem bem pouco.

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