sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tempos de paz, no falado e no escrito.


"(...)Há uma feição moderna do Zelo de Amargura que consiste no espirito de contestação. Não me refiro apenas à contestação do adolescente, que tem sua raiz em dado correto de afirmação pessoal em busca de líberação da tutela paterna, mas dessa contestação que hoje assume, não raro, um colorido de desamor e revolta, produto do zelo amargo. Refiro-me de um modo geral aos contestadores de todas as gamas de idades, de todos aqueles que, talvez por não se sentirem seguros de sua maturidade, reclamam meio nervosos serem tratados como homens maduros, e vivem prevenidos com todos os vizinhos. Uma nota particular deste grupo é a reinvidicação do direito de falar. Não é propriamente o direito de falar que lhes faz falta. Este ninguém lhes tira. Mas a amargura suscita um zelo tirânico: só se sentem falando quando impõem a sua opinião. O diálogo reclamado pelo contestador é quase sempre um monólogo."
(D. Lourenço de Almeida Prado - Livro Regra de São Bento)

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